A erva que nasce dos meus pés é uma marca da pós-modernidade desconstrucionista na dobra do tempo inefável, circunscrevendo-se aos ditames da lei do mais forte, na linha horizontal de um pedido exíguo que inconscientemente me bate à porta. No entanto, tendo em conta a carestia de vida e o calejamento das mãos confesso que o pavor que encontro nos teus olhos me repugna qualquer interrogação retórica e antes me atrai a hiperbolização dos sentimentos como forma de conhecimento imediato, sem a peneira da farinha a impedir que os raios de sol me lambam o corpo.
É com uma convicção vinda do mais fundo das minhas artérias que me sinto condenado ao esvaziamento total das palavras que tenho guardadas no disco duro do meu cérebro, para devolvê-las ao esterco que corrompe as bocas dos dirigentes imundos e dos mundos dirigentes, indigentes, detergentes que lavam branco, muito branco.
Tudo incrivelmente asséptico, de forma a não restar um segundo de dúvida metafísica acerca da relação possível entre o erotismo e a inteligência.
O azul pode transformar-se em amarelo desde que as premissas estejam lançadas pela janela fora e os vómitos dos condenados sejam arrancados a ferros num parto prolongado até ao estertor de uma mãe moribunda.
É com uma convicção vinda do mais fundo das minhas artérias que me sinto condenado ao esvaziamento total das palavras que tenho guardadas no disco duro do meu cérebro, para devolvê-las ao esterco que corrompe as bocas dos dirigentes imundos e dos mundos dirigentes, indigentes, detergentes que lavam branco, muito branco.
Tudo incrivelmente asséptico, de forma a não restar um segundo de dúvida metafísica acerca da relação possível entre o erotismo e a inteligência.
O azul pode transformar-se em amarelo desde que as premissas estejam lançadas pela janela fora e os vómitos dos condenados sejam arrancados a ferros num parto prolongado até ao estertor de uma mãe moribunda.
8 comentários:
confesso que também me atrai mais "a hiperbolização dos sentimentos como forma de conhecimento imediato".
mas fico aqui mais um pouco a desfragmentar este belo fragmento.
bom dia Ângela.
e,________________________________
finalmente encontro aqui um verdadeiro e indiscutível fragmento
[...]
Na verdade de todos os azeites que flutuam na água, ou até sobre os esgotos.
No mísero dos dias por acrescentar.
E deixo-TE um beijo imens.íssimamente sentido.
Bom dia Ângela,
Não, não caias do sofá! Sim, sou eu a ler-te e a comentar a tua “Babel”. Como te disse, só não o faço mais vezes por manifesta falta de tempo. Percebo-te bem: tudo o que é demais faz mal (digo eu que sou excessiva, logo, é com propriedade que percebo o teu farta farta farta) ;-)). Mas folgo em ver-te a escrever com tanta convicção. Gostei muito deste fragmento, especialmente da “dúvida metafísica acerca da relação possível entre o erotismo e a inteligência” (que na minha modesta opinião não será assim tão metafísica…), sobre a qual haveria muito a dizer noutro contexto e espaço. Na falta de certezas, mais vale seguir o conselho do Poeta e comer muitos chocolates, já que “as religiões todas não ensinam mais que a confeitaria”.
Um dia Azul para ti,
MM
é
no
estertor
dos
mortais
dirigentes
indigentes
de
si
que
nobilitam
as
palavras
corrosivas
dos
criadores
do belo
in
distrutivel
mente
onde
TE
perdes
e
eu
TE
acho
( vim obrigatoria
mente a uma
das
minhas fontes .convém que não te dê a "macaca" )
.
um beijo
( redobrado pela volta ]
"A erva que nasce dos meus pés" - gostaria de ficar com essa imagem. Para mim é o mais importante: a ligação do homem com a terra.
Mas mais abaixo você diz: "condenado ao esvaziamento total das palavras", outra me minhas preocupações, a palavra e seu esvaziamento de sentido, como um perigo, por um lado, e, por outro, como uma necessidade, deixar a sua carga de significado já velho, para assumir o novo, ou para tornar-se imagem.
Foi bom. Seu texto propiciou-me boas reflexões.
Abraços.
abençoada "epifania" que assim desliga o profano do comum e o transforma em sempre actual.
posso subscrever?
_____________bom dia A. e Tu estás melhor?
:)
anda um virus por aí...aqui....ali...
enfim...soltou-se.
beijo.
venho tarde. aliás chego sempre tarde....mesmo que seja pontual.
entardeço.
_________________________.
forte e magnífico texto. perto do portão onde as cicatrizes deliram. não se pode fingir que sabonetes e detergentes chegam para entorpecer as memórias diárias dos sonos aflitos. há demasiados gemidos.
um abraço
parto de palavras que arranham...
de verdades branqueadas num suporte moribundo de sonho arrancado...
é preciso que o sol lamba o corpo inteiro, sem o desvio da mente...
é preciso voltar a ser a lei do sentimento... mesmo que o azul não seja mais azul... o amarelo será sempre um reflexo de amanhecer...
Beijo
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