as escaras podem cobrir-me o corpo
o sangue sair em golfadas pela boca
as lâminas cortarem-me os pés descalços
que eu continuarei
paulatinamente o caminho
carregando palavras como se
foram pedras, em silêncio,
num fraseado de gestos seculares
coreografando a vida, com
velas e incenso,
com ramos de oliveira
e uvas tintas
no altar de catedrais góticas
ou de dólmenes graníticos
porque todos me servem
de palco a uma missa crioula
seja lá para que deus fôr.
a minha religião são os esqueletos
putrefactos, feitos de lágrimas
insolventes na memória
e não tenho arrependimento
no horizonte porque a culpa
não me maculou o parto.
atirado o punhado de terra
sobre o esquife, continuo
descalça o meu caminho
solitário.
3 comentários:
não sei ( não posso ) não quero comentar
esse estúpido acidente
mas reservo.te
( pela destreza do poema )
.
um beijo
breve também o caminho...
o meu beijo ângela.
e por um punhado de esperança nos dias que hão de surgir aqui me tens.
em clara e aberta amizade.~
a beber das tuas palavras em "missa" de luz e de saber.
bom dia/tarde A.
e saio.
mas volto. volto sempre!
imf-piano.
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