À Espera de Godot, de Samuel Beckett
Agora debruço-me em detalhe à JanelaLivro, tentando vislumbrar a fronteira entre as tragédias que inundam os nossos dias e o trágico em outros tempos levado à cena, nos anfiteatros gregos, ao redor de Atenas, como homenagem dionisíaca. Em ambos os tempos o efeito de catarse era a salvação das almas. Desconhecemos e esquecemos facilmente a travessia no deserto que é esta passagem pela terra.terra. O confuso percurso em espiral que aparenta uma repetição infinita da história humana, mas que é sempre di/verso e igual. Duas páginas da mesma folha. Inseparáveis: vida e morte. A repulsa da absurda invenção dos deuses ou do virtual. Do meio. Da flor sem caule.
Aqui consciencializo a falsa lisura do texto e a impossibilidade de amaterializar a voz. Desescrevo os rascunhos em busca do grão de areia que impede a cicatrização das feridas. Ou o bisturi esquecido nas vísceras de uma criança. Trágico acidente. Palco da tragédia.
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Sem didascálias.
AI (de) TI à espera de Godot!
2 comentários:
Isso me lembra que não há mais nada a fazer. Estou sempre à espera. Sempre.
bjo
e até Godot teria desistido....ele tão Becket....tu tão lúcida.
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