sábado, 14 de agosto de 2010

natureza viva


provavelmente
o pintor esqueceu-se
da tela e dos pincéis e das tintas

provavelmente 
o mar afugentou
a memória e as gaivotas e as velas

provavelmente
a câmara digital
foi vendida por um naco de pão

seguramente
estas palavras
estão rasuradas 
de tanta inutilidade.

2 comentários:

João A. Quadrado disse...

[seguramente, a inutilidade é a força de gravidade do mundo: cabe ao poeta contrair esse solo infecundo]

um imenso abraço, ângela

Leonardo B.

José Carlos Brandão disse...

A arte é inútil, mas quão necessária, Ângela.
Um beijo.

FEMINISTIZA_TE

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