Paul Klee, Angelus Novus
atormentam-me memórias
assim aliteradas alteradas
perdidas dos seus caminhos.assim aliteradas alteradas
cães vadios gatos de telhado
sem zinco quente
emigrantes órfãos de língua
alheia como quando soldados
directamente lançados
de trás dos montes para as áfricas
a matarem pretos porque sim
ou veteranos sobrevivendo
escondidos para não
mostrarem as feridas
abertas da alma e da cabeça
e agora as gentes
com mais anos de vida
e menos de humana qualidade
incontinentes de palavras e de mijo
perdidas num mundo
que apenas concebe
a perfeição
da matéria purificada
(Sarah Kane à parte.)
2 comentários:
Ângela, fiquei sem perceber se o poema é teu ou da Sarah Kane. Nem sei se ela escreveu algum poema (teatro, sim). E enforcou-se...
Em qualquer caso gostei do poema. É excelente, querida amiga.
Beijos.
Nilson, a tua dúvida deixa-me um pouco lisonjeada. Ora imagina um texto meu poder ser da Sarah Kane?!!!
A referência que lhe faço saíu-me sem eu querer (e era para ter acrescentado isso no poema), daquelas coisas que acontecem quando as palavras se impõem a quem as escreve.
Obrigada pela visita e pelo comentário.
Beijos
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