sábado, 30 de janeiro de 2010

poema a esta mãe



(ainda e sempre em memória da minha mãe)

pesponto o poema
com o fio de memória
que recebi em herança
no último beijo que te dei
já fria de saudade e
os olhos fechados à vida.
passam dias, passam anos
e é a ti que peço o corte
exacto da cambraia sobre a mesa
o alinhavo miúdo
a costura a eito. depois
o drapeado deslizando
sobre o colo desnudado
de um texto assindético
cai imponente na areia
de veludo bordada
com missangas douradas.
as tuas mãos, essas,  delicadas
estão acesas em cada palavra
que visto no crepúsculo
dos meus dias.

2 comentários:

José Carlos Brandão disse...

"as tuas mãos...
acesas em cada palavra."
Lindo, ângela. Poesia de filha e de poeta.
Beijo.

isabel mendes ferreira disse...

e





comovo-me.






______________.

FEMINISTIZA_TE

visitantes da babel