entrei na livraria
e o mundo ficou ainda mais pequenino,
tão pequeninas as gentes
que habitam fatalmente este
país pequenino.
tão pequeninas as palavras que
usamos. e inúteis. põem-se em bicos
de pés para atingirem metáforas
muito originais e catrapum no chão,
banalíssimas desde Camões
ou António Ferreira.
procuro os meus mortos
nas estantes de madeira
carcomida e estão corroídinhos
de invejas prosaicas,
daquelas muito atávicas
que nem o mar consegue
invadir. os livros estão encadernados
de fulanos, as manchas gráficas são
prefácios lambusentos,
o preço de capa
esconde-se atrás do código de barras
e a editora chancelou um qualquer
lobbie maçónico.
hoje, eu entrei numa livraria
e sentei-me num banco
para chorar descansadamente.
Explicação desnecessária: Não se trata de uma homenagem envergonhada a José Saramago, que aprecio há muitos anos e que tendo morrido em paz consigo, me merece o silêncio de reconhecimento.
3 comentários:
[todos os livros trazem um corpo morto consigo, aguardando a sua ressurreição no olhar, no tacto de quem procura a essência e a imitação da vida!]
um imenso abraço, Ângela
Leonardo B.
todo aquele que morre em paz consigo merece o silêncio do reconhecimento. esta é razão suficiente.
ponto.
(esta foto é perfeita. enquanto cenário-refúgio do meu imaginário)
bom dia Â. e beijo.
bom dia, Zé!
às vezes, a morte também é perfeita.
infelizmente não fui eu que tirei a foto, mas gostava...:(
beijo.
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