Já não espero absolutamente nada. Nem a luz a anunciar o dia, nem os livros que não li, nem as flores a romperem da terra. Fechei portas e janelas, calafetei a alma, desci aos infernos: aconcheguei-me nas chamas da memória recente e fiquei a olhar todos os equívocos que se atropelam nas cidades.
Afinal é dos olhos que vivo e tenho que aproveitá-los enquanto distinguem as sombras das árvores. A noite aproxima-se e as minhas mãos ficaram irrecuperavelmente feridas até à raíz dos cabelos.
Não. Não quero lambê-las. Não vou lambê-las.
Afinal é dos olhos que vivo e tenho que aproveitá-los enquanto distinguem as sombras das árvores. A noite aproxima-se e as minhas mãos ficaram irrecuperavelmente feridas até à raíz dos cabelos.
Não. Não quero lambê-las. Não vou lambê-las.
4 comentários:
Lindo, Ângela. Aquela sensação que eu não queria, juro que eu não queria.
Os olhos na solidão da noite são virgens, e sangram no parto do real.
As minhas mãos estão quebradas, de tanto susto, tanto espanto.
Beijo, Ângela.
SIM.
porque de coragem e pedras se faz o dia. ou pelo menos deveria ser.
Sim pelo Texto. Inteiro.
SIM!
Gostei imenso deste texto, principalmente da expressão "calafetei a alma...". Lindo.
Beijo, Ângela
ao re ENCONTRO das palavras belas......
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um beijo
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