(para a maria josé quintela)
é de silêncio que falo.
não do vazio de palavras
por ignorância residente
nem da censura atávica
que nos ensinam
não do que fica
nas cidades destruídas
ou nos campos dizimados
nem tão pouco daquele
que se pendura nos ombros
como fatiota de gala.
falo do silêncio maduro
daquele que se colhe
com as uvas
da escuta atenta aos sinais
da terra
do silêncio que se escolhe
e encolhe num telhado
ao sol
do sussuro das árvores
ou do rio afagando o leito
daquele que guardo
dentro de mim
para te oferecer
quando os meus olhos
definitivamente.
7 comentários:
Que bela oferenda esta em que se ouve apenas o que queremos ouvir.
beijinhos
Silêncio de ouro de um fruto maduro.
Os olhos fechados no fundo da alma.
O escuro de Deus, ausência e encontro.
O silêncio do êxtase da poesia: amor.
Beijo, Ângela.
“falo do silêncio maduro”
... para que não fiquem cicatrizes de pensamentos abortados em rios surdos.
obrigada ângela.
e neste silêncio forte...até se ouvem as ervas a quererem ser raizes.
a porta a grade a fechadura. quem terá a chave?
.
abraço.
duplo.
.
....mas este silêncio é falante...
beijo A.
há tempo que não deixava ,por aqui ,o meu lastro .faço.o pela singularidade do poema ,pela dedicatória ,mas ,sobretudo - que me desculpem as pessoas - pela extraordinária fotografia que tens como abertura do blogue .a força telúrica reside ali com toda a sua pujança
.
um beijo ,Angel(ita)
Há vários tipos de silêncios, de facto.
E o que cantas neste excelente poema é dos mais expressivos.
"falo do silêncio maduro
daquele que se colhe
com as uvas
da escuta atenta aos sinais
da terra"
Gostei imenso.
Bom fim de semana.
Beijos.
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