quinta-feira, 9 de abril de 2009

uma espécie de solidão

Foto de a.m., Granja, 2006

de vez em quando
há uma solidão certeira
que me ataca pelas costas.

saída de um romance russo,
escura,
de contornos indefinidos,
e muito pesada.

não é a morte que receio.
é esta impossibilidade
de estender a mão
e sentir algum calor.

20 comentários:

Graça disse...

Senti o poema, como se feito para mim... essa é a beleza da poesia.

Beijo, Ângela

[era o Minho, sim, em Cerveira :)]

maria josé quintela disse...

percebo essa solidão saída de um romance russo...


estendo-te a mão.



beijo ângela.

bettips disse...

A foto... com as palavras solitárias, sempre muito sentido-lugar, uma espécie de sentir diferente.
Bj

maria josé quintela disse...

e essas casas da granja...



são lindas!


re-beijo.:)

meus instantes e momentos disse...

lindo teu blog, fotos, textos. Muito bom, gostei daqui,
Maurizio

tchi disse...

Tens as minhas mãos prolongadas ao meu ombro, sempre.

Confiança. Coragem.

Páscoa de esperança.

MM disse...

Oh Ângela, que bonito... A fotografia também, gosto muito. Lembra-me de outras tantas que fiz a pxb na Granja, ainda anos 70 (imagina tu!), quando conheci o Porto e as praias do Norte. Mas essa figura do "romance russo" é muito interessante... Transporta-nos a imagens ainda mais bizarras que os próprios romances russos, mais do género filme russo sabes? É que se pudéssemos fotografar a solidão ela seria de facto uma paisagem gélida e escura. Não te vejo nessa fotografia, ou pelo menos não te quero ver nela. Prefiro te ver na praia da Granja numa manhã de verão (e de mãos entrelaçadas). Mas isso sou eu, que além de romântica sou fotógrafa, e confesso-te que às vezes a fotografia (como tantas outras coisas)não passa de uma grande encenação...

Beijos de boa Páscoa a ti e às miúdas,
MM

MM disse...

Curiosíssima e oportuna coincidência (ou talvez não) a tua referência a W. Benjamin, leitura obrigatória dos meus alunos de mestrado em cultura visual. Mas o que te trago aqui não é sobre fotografia, mas sobre o romance, porque de facto somos incorrigíveis depois dos 50, e porque o leitor de romances (russos ou não) “é mais solitário do que qualquer outro leitor”:
“... o romance não tem significado porque representa, talvez de maneira instrutiva, um destino estranho, mas porque esse destino estranho, graças à chama pela qual é devorado, nos transmite um calor que nunca podemos obter do nosso. O que arrasta o leitor para o romance é a esperança de aquecer sua vida enregelada numa morte que ele vivencia através da leitura.” (W. Benjamin)

Um beijo de "bom feriado", vá lá, não sejas torta!..

MM

ps: bem me parecia que eras tu a passear pela Granja, naquele inesquecível verão precniano...

Unknown disse...

Graça,
depois de escrita, a poesia é de quem lhe quiser pegar. dá um abraço meu ao Rio Minho:)

Zé,
sabia que ias perceber.

bettips,
obrigada pelas tuas palavras.

maurizio,
espero que voltes, então:)

Tchi,
aceito todas as mãos:)

MM,
agora de manhã, relendo o que disseste de filmes, lembrei a Nostalgia do Tarkovsky...
olha que no verão precniano eu estava a fazer a revolução. só fui para a praia quando já não havia nada a fazer:)

Anónimo disse...

passo muitas vezes pela granja :) e há algo teu no poema. um idioma que eu não aprendi a falar nem a escrever. mas eu também tenho sempre as mãos frias. um grande beijinho, ângela. e boa páscoa :)

Ana Paula Sena disse...

Lindíssimo, Ângela!

Disseste a essência da solidão num mínimo que é o máximo...

Mas...estamos todos aqui, contigo, também sós nesse passeio existencial...

(eu "meto" sempre um toquezinho de filosofia :))

Boa Páscoa e um beijinho!

Unknown disse...

alice,
há também muita coisa que eu já não vou a tempo de aprender, mas irei aprendendo sempre.

ana paula,
embora por caminhos diferentes, a poesia e a filosofia falam das mesmas coisas...

vieira calado disse...

Bonita foto e esbelto poema!


Desejo-lhe

BOA PÁSCOA.

maria josé quintela disse...

bom domingo Ângela. de todas as páscoas.



beijo.

Gabriela Rocha Martins disse...


retrocedamos dois dias
hoje é sábado ,dia 11 de Abril -
aos muitos.... ( lembras.te? ) acrescentamos mais um ,tá?
e o que se faz em circunstâncias semelhantes? - erguemos uma taça de champanhe e blá ,blá ,blá


avançamos dois dias
hoje é segunda-feira ,dia 13 de Abril
posso emprestar.te um par de luvas quentinhas e dizer.te - este poema é um pouco/muito de ti


.
um beijo

isabel mendes ferreira disse...

e da solidão nasce o rio que nos leva ao mar da aprendizagem...

naveguemos pois que a vida é breve. mesmo que intensa.


bom dia!!!!!!

Unknown disse...

Gabriela,

faça o favor de não tentar desnudar-me, se bem que não sou envergonhada. obrigada pelas luvinhas:)

Isabel,

navegar é preciso... (bah... que banalidade para eu dizer... desculpa. não sai mais nada.)

beijo de bom dia!

Gabriela Rocha Martins disse...

regressei
com
saudades
da
tua
granja
em
fim
de
tarde
com
chuva

e
ok
entenditi:)))))))))



.
um beijo

Susn F. disse...

ângela,

As minhas mãos não são muito quentes, mas chegam até si se precisar. Os meus olhos adoraram ler este poema.

Um abraço

Unknown disse...

Gabriela

será que entendesti?:) olha, mas eu preferia a granja com sol.
beijo

Susn,

eu sei que chegam. já chegaram várias vezes.
beijo

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