Foto de Tiago Pereira
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É assim tão inevitável
Falar do tempo e da morte
E da loiça para o jantar?
E dos copos que combinam
com a baixela de Sèvres
e dos serões da Pompadour?
É assim tão fundamental
Expôr a última edição da Bíblia
Lado a lado com um Saramago
Em caixa prateada, afinal
Maldito falhado?
Os postalinhos de última hora
As prendinhas topo de gama
As toilettes brilhantíssimas
O verniz das unhas e do gesto
O bâton que vai ficar
No colarinho dos amantes.
Sem esquecer o Moët & Chandon
E os chapelinhos do Mickey...
Tão felizes que nós somos
Tantos amigos que temos
Tanta dança inebriante
Tanto optimismo empacotado!
Ah... e um depósito numa ONG
Para sossegarmos a consciência.
Coitados dos que dormem na rua
Nós temos imensa pena...
5 comentários:
F E N O M E N A L!!!!!!
E EU TENHO iMENSA PENA DA "CANIBALIZAÇÃO"DOs FALSOS AFECTOS!
das intenções que subjazem....da falta de verticalidade, do uso e abuso do esquecimento colectivo daquela memória que nos foi útero. comum. e de onde não soubemos ressalvar a generosidade!
brilhante este teu não cinismo!
beijo.
Inevitável é ler-te...
Bom ano, Ângela.
Um beijo.
Muito obrigada, Graça!
Um Bom Ano também para ti.
um beijo
Que bom!
Que retrato da nossa hipocrisia!
Um bom ano, Ângela.
Beijo.
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